Turismo sexual em Fortaleza não rende mais nenhuma capa de jornal, tampouco o desleixo com as praias paradisíacas, maltratadas com lixo jogado, esgoto clandestino e construções em cima de falésias e restingas (provavelmente sem estudo de impacto ambiental).Uma realidade que dói e que, na maioria das vezes, passa despercebida nos pacotes da CVC Turismo. Do alto do ônibus com ar-condicionado, seria impossível sentir o cheiro do esgoto a céu aberto nos bairros que abraçam os 4 quilômetros da Praia do Futuro, a única perto do centro que é recomendável para o banho. Aliás, a rota nem desvia da avenida principal, cheia do comércio e hotéis, o Brasil da fantasia. No trajeto que fiz em uma van, caindo aos pedaços, vi uma pobreza tão ardida quanto o sol cearense. Durante esta mesma tarde, decidi caminhar por um trecho da praia sem muvuca e, para minha surpresa, apareceu um guardinha de moto 4x4 me avisando para não seguir em frente, pois não existia patrulha por lá. Dei meia volta e retornei, escoltada!
Triste ouvir os guias de excursões reforçarem que o povo local não gosta de trabalhar e está cada vez mais disposto a roubar "porque não tem saída". E presenciar os olhares dos estrangeiros, sentados nos quiosques na avenida Beira Mar, a espera daquelas que já chegam esfregando um inglês de terceiro mundo. Isso me deu nojo.
Foto: garrafas PET na Praia das Fontes, em março de 2008. Me disseram que o prefeito da cidade "manda em tudo" e, curiosamente, é proprietário do complexo Parque das Fontes, aquele construído em cima da falésia...
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