Monday, October 11, 2010

20. "Absurdemos a vida, de leste a oeste"

"Toda a constituição do meu espírito é feito de hesitação e de dúvida.
Nada é ou pode ser positivo para mim; todas as coisas oscilam em meu redor, e eu com elas, uma incerteza para mim próprio. Tudo para mim é incoerência e mudança. Tudo é mistério e tudo é significado. Todas as coisas são 'desconhecidos' simbólicos do Desconhecido. O resultado é horror, mistério, um medo demasiado inteligente." Fernando Pessoa, 1908



Visitei ontem o Museu da Língua Portuguesa, que abriga uma exposição muito bonita sobre a vida e obra do poeta e escritor Fernando Pessoa. Domingo combina mais com poesia do que qualquer outro dia da semana. Quando cheguei e vi A fila para entrar, concluí que muitos também pensam assim. Os 30 minutos de ventania aguardando, porém, não me desanimaram. Foi uma delícia percorrer os corredores e vivenciar os trechos dos poemas nas paredes, pelos espelhos, escritos na areia, combinados com vídeos. Caderninho na mão para anotar os que mais saltam na alma, como esse aí de cima.

O museu também oferece, como atração permanente, uma sessão de vídeo sobre o surgimento de nossa língua materna, e uma série de projeções em que os participantes ficam sentados em uma roda, completamente envolvidos nas luzes e nos poemas falados, cantados, sussurrados. É MUITO bacana.

Pensamos em português, sentimos em português, sonhamos em português, de uma forma coletiva; a mais genuína conexão e pertencimento como povo.

Quem tem a oportunidade de namorar ou casar com um estrangeiro, sabe bem o jogo de cintura para contornar as sutilezas inerentes à própria língua e cultura. A gente até encontra formas criativas de dizer o quanto se ama, com beicinho, mimos e tal. Mas na hora de brigar... no fervor crucial e escaldante do momento, ah, meu bem, que graça tem discutir em inglês, francês ou japonês?

6 comments:

Adriana Braga said...

muito boa essa série Carline.. estou ansiosa pelos olhos sorridentes! A reforma está finalmente terminando, vamos nos falar? Bjs e ótimo ferido!

Anonymous said...

Olhos sorridentes Adriana,
como é?

Ah, Carline, vc consegue olhar com os dois olhos a ponta do próprio nariz ao mesmo tempo?

Co-leitores, por minha própria índole eu procurei outra obra disponível no holybooks:
http://www.holybooks.com/wp-content/uploads/The-Gates-of-Chan-Buddhism.pdf

Esse vou ler, inté e feliz dia das crianças.

Carline :) said...

Namastê, querida Adriana. Estou curiosa para ver como ficou a sala de yoga! Quero combinar de fazer uma aula tua e depois um chá para colocar as novidades em dia. Bom feriado também!

Olá,Leonardo! Hoje (12/10) rolou um olhar sorridente ;) Dei uma olhada geral no pdf que compartilhaste e achei interessante. O livro traz conceitos extremamente "budistas", como paramitas, Abbhidharma, samadhi, apresentados de uma forma bem tradicional (séria, pode-se dizer), o que pode dificultar o entendimento e a fluência vivencial de quem se aventura na leitura. Se você desanimar, tente algo mais solto ;)

Anonymous said...

Ainda não desanimei. ;)
Acho que preciso da sua ajuda e te convido a esse novo aprendizado... Afinal vc é a única monja/yogue que conheço. ;)

Carline :) said...

Monjaaa???????????

Anonymous said...

"Escreveu, não leu..."
Monja é uma das histórias que garimpei num dos seus post's + antigos... Nada a ver com votos religiosos.

Quantas pessoas podem ler um bom livro depois do trabalho enquanto está sendo escrito?
Tem sido uma história cativante. Um pouco previsível em alguns pontos, mas muito humana.

Vc não respondeu se conseguia olhar a ponta do nariz com os dois olhos ao mesmo tempo... 8) já sabemos a resposta, mas eu queria provocar um pouquinho tb.