Ainda sem digerir plenamente tanta novidade vivida na Amazonia, respiro (ainda sem planos para 2007) o ar historico de Tiradentes, bela cidade abencoada pela arte barroca. Ao pe da Serra de Sao Joao Del Rey, este refugio mineiro inspira a criatividade de muitos artesaos modernos, escritores, artistas e intelectuais. Ontem, compareci com o meu amigo Benjamim na abertura de um seminario sobre historia e cultura de Tiradentes. Agucei meus parcos ensinamentos sobre ornamentos simetricos, talhas, estatuas, das varias igrejas da regiao, comparadas com as de Portugal. Sabiam que os nossos carissimos compadres portugueses ousam dizer que vieram para trabalhar no Brasil somente artistas de baixo escalao, aqueles que nao haviam conseguido emprego em Portugal?! A estudiosa Myrian Andrade Ribeiro de Oliveira nega a informacao, procurando provar que a construcao de paredes curvilineas das matrizes era uma tarefa complexa e demandava especializacao. Ou seja, nao deve ter vindo soh rale. Hunft.
Eu, Michele, Ben e o labrador Zeno visitamos, hoje, a localidade de Bichinho, um centro de artesanato que lembra Embu das Artes, em Sao Paulo. Tantos objetos criativos me fizeram refletir o quanto poderia ter sido diferente minha vida se tivesse cursado a faculdade de Artes Plasticas em Floripa (passei no vestiba da Udesc e nao me matriculei porque achava que nao daria para conciliar com o Jornalismo. Bah!). Eh simplesmente inacreditavel como a gente consegue, mesmo depois de tantos anos, ainda se remoer por caminhos nao-trilhados. O ser humano eh desnecessariamente masoquista. Dah ateh vontade de gritar.
Volto a olhar pela janela, um rapaz sobe apressadamente a ladeira coberta de pedras antigas para escapar da chuva. Michele me perguntar o que significa Chico Buarque de Hollanda, escrito na capa de um CD. Explico que eh o meu cantor favorito de MPB, mas na verdade ela esta mesmo curiosa com a palavra “Hollanda”, achando que eh igual ao nome de seu pais de origem. Terca-feira preguicosa em Minas. Com TPM. Sem querer responder aos amigos se caso ou se compro uma bicicleta. Viajar, neste momento, estah sendo uma verdadeira e paciente fuga.
Direto do ceu
O Rio de Janeiro provou que eh possivel ser diferente de tantas memorias de outrora. Levei a Michele no Cristo Redentor e nao eh que o dito resolveu ficar imerso em uma espessa nuvem? Nada da estonteante vista da Baia da Guanabara. Parecia um ceu permeado de nevoa e turistas mexicanos barulhentos e inconformados.
A familia do Leonardo nos recebeu com bracos mais abertos que Jesus. E com um feijao preto da Tia Regina digno de engordar tres quilos. Praia da Barra da Tijuca durante o dia. Bom Sujeito/Casa do Samba no sabadao a noite. Novos momentos cariocas, muito bem-vindos!
Antes da Terceira Idade!
Para grande parte dos brusquenses, ir para Foz do Iguacu significa programa de velho. O simbolo mor eh aquela excursao de onibus repleta de empolgados idosos avidos por um cafe colonial depois de ver as Cataratas. Pois eu informo, com orgulho, que compareci ao recinto no auge dos meus 29 anos! E, de tao encantada que fiquei, prometo voltar aos 70. No lado brasileiro do Parque Nacional das Cataratas, alem de babar pela monstruosidade do volume de agua da Garganta do Diablo, fiz rafting no rio Iguacu. Gente, eh muito legal!
Jah a parte da Argentina eh composta por varias trilhas que permitem chegar mais proximo das quedas de agua. O Lonely Planet (guia de viagem) da Michele lanca o desafio para os visitantes escolherem qual dos dois lados eh o mais fascinante. Eu desisto. Vale a pena conhecer ambos os lugares, se molhar, meditar ouvindo aquele estrondo da queda principal, suspirar pela beleza de tantas quedas juntas. Quanto mais, certamente, eh melhor.
Uma dica para quem quer ser gringo no proprio Brasil: ficar hospedado no albergue Paudimar. Fiz novos amigos da Noruega, Suica, Australia, Irlanda do Norte, Inglaterra, Alemanha ... e conheci um mocinho de Brasilia chamado Magno que conseguia cantar pior do que eu... “I hope you don’t mind, I hope you don’t mind...”
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1 comment:
Que maravilhosa essa sua viagem, hein? Estive em Tiradentes e Mariana com o meu pai logo depois da SBPC em BH, lembra? Amei as cidades.
Entendo completamente quando você diz "Eh simplesmente inacreditavel como a gente consegue, mesmo depois de tantos anos, ainda se remoer por caminhos nao-trilhados". O Gil pediu demissão mesmo e está tentando voltar pros trilhos das artes cênicas, que ele tanto ama. Já fechou algumas aulas para dar na CNT - Companhia Nacional do Talento e tem mexido outros pauzinhos também. Tá feliz da vida :o)
Beijos, Tati
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