Tuesday, November 02, 2010

O silêncio dos finados

Além do falecimento das minhas duas avós, a vó Paulina e a nona Tereza, duas outras mortes de entes queridos me marcaram muito.

Quando o meu primo Gerson morreu em um acidente de carro, a casa caiu. Era pequena, e não conseguia entender direito tamanho sofrimento. Meus tios nunca mais foram os mesmos. Outubro nunca mais foi o mesmo. O aniversário do Gerson era 10 de outubro, ele morreu no dia 11 de outubro, voltando de sua comemoração, e o meu aniversário era 12 de outubro. A minha festa foi substituída por um grande pesar. Os brigadeiros não desceram pela garganta. E nos anos seguintes, meu aniversário foi celebrado como metade-festa, metade-silêncio.

Outra morte, difícil de "aceitar", foi da minha amiga Helena, que no auge dos seus 15 anos morreu, também, em um acidente de carro. Os dias em que ela ficou na UTI foram de-ses-pe-ra-do-res. Eu também era adolescente e tinha mais noção do que implicaria aquela ausência, da saudade que iria sentir.

Gosto de resgatar, neste feriado, os momentos lindos de troca e afeto que tive com essas quatro pessoas, em particular. A memória me traz uma energia vibrante para viver esse 2 de novembro, 12h25.

Agora, na fase adulta, ainda não tive uma morte próxima tão avassaladora. Compreender melhor a filosofia budista é uma espécie de treinamento nesse sentido. Por ora, sei que é mais fácil lidar com a própria finitude do corpo do que com o ato de desapegar-se dos amigos e familiares, gente tão amorosa.



Feriado em Sampa? Cinema! Vamos seguir a tradição.

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