Sunday, April 26, 2009

"Amansa Brasil"

Para trabalho final de uma das disciplinas da pós, escolhi como objeto de estudo o Instituto Socioambiental (ISA), do qual tenho bastante admiração. Já encontrei muita coisa bacana no site deles (http://www.socioambiental.org.br/) e nessa terça vou dar um pulo lá na sede para conversar com o coordenador do programa do Vale do Ribeira.

Gostaria de compartilhar a parte final de um "Convite a uma colaboração" que o ISA escreveu em 2004, quando comemorou dez anos de existência:

" (...) Hoje, nós do ISA ainda temos que advertir que 'socioambiental' se escreve junto; mas esperamos ver o dia em que esta palavra seja considerada um pleonasmo: se é social, só pode ser ambiental. Pois não existe uma “dimensão ambiental” do crescimento econômico, do desenvolvimento social, do progresso em geral: ambiente é o nome da coisa toda, do problema inteiro. O ambiente não é uma atração turística, um detalhe pitoresco, uma alegoria de carnaval.

Ambiente não existe só aos domingos, nem é luxo de rico. Ambiente é uma questão de saúde pública e de justiça social, não só para os que vivem hoje, mas para as gerações futuras. Uma questão de economia, enfim, no sentido próprio e nobre do conceito. Ambiente, recordemos, é apenas uma outra palavra para condições de existência.

O equívoco de se separar social de ambiental se torna ainda mais grave quando se imagina — como se imagina tão frequentemente — que só podemos nos desenvolver pagando algum preço ambiental, isto é, estragando alguma coisa. Isso não é verdade. Não se faz omelete sem quebrar os ovos, diz-se. — pode ser, mas também não se faz omelete quebrando todos os ovos e matando as galinhas. Ou o desenvolvimento é sustentável, ou não é desenvolvimento. O “preço” que temos de pagar é o de melhorar o ambiente, aprender a evoluir em sintonia com ele, pois não há verdadeiro avanço da civilização que não seja ao mesmo tempo um melhoramento das condições ambientais propícias a nossa espécie.

Em suma, é preciso fazer uma revisão drástica do paradigma do crescimento indefinido e a qualquer custo, que continua guiando nossos planos econômicos e nossos sonhos de
grandeza nacional. Por isso o mote deste manifesto: Amansa Brasil. Apegados a uma concepção linear e cumulativa de história, herdeira de um pensamento europeu velho de séculos, ainda não acordamos para a constatação de que a miséria, a fome e a injustiça não são o fruto do caráter ainda parcial e incompleto da marcha do progresso, mas seus produtos necessários, que continuarão crescendo mais e mais enquanto a marcha prosseguir no rumo em que vai. A saída não pode ser por aí, e cabe a nós acharmos outra. Pois o futuro nos desafia a uma nova síntese: a sustentabilidade socioambiental. Esse é o espetáculo que queremos mostrar para nossos filhos."

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