Tuesday, February 16, 2010

Orgias carnavalescas?

Alalaô, mas que calor!
Aproveitei meu reveillon (vide postagem do domingo) para descansar, dormir cedo e por longas horas. Acordar sem despertador. Ler, largada na rede, Como ser legal, do Nick Hornby, e gargalhar sozinha. Ver aquelas provas esquisitas das Olimpíadas de Inverno de Vancouver, fala sério o que é aquele biatlo? E as roupas justas, parecendo pererecas? E o público em pé, ao ar livre, com neve caindo na cabeça?

Além de adorar ver luzes de decoração natalina, confesso que sou também piegas o suficiente para AMAR patinação artística. Quanto mais dobrinhas esvoaçantes nas roupas, melhor. Música dramática com seus altos e baixos, piruetas aéreas, frustração compartilhada quando os atletas caem de bunda no chão. Céus! Depois de QUATRO anos ensaiando!!!

Ah, São Paulo
Sim, a gente esquece que além dos 10 milhões que se mataram em deixar a cidade para aproveitar o feriado de sol escaldante, outros tantos milhões ficaram - e também decidiram ir ao cinema. Tudo esgotado para Avatar, novamente. Dessa vez, meu plano B foi ver Amor sem escala, com George Cloney (o meu plano B anterior havia sido Sherlock Holmes). Apesar de o nome sugerir uma comédia romântica tolinha, o filme é uma crítica bem construída sobre o estilo consumista da cultura norte-americana e o significado dos relacionamentos de hoje, principalmente o valor (ou não) do casamento. Gostei. Não esperava muito. Enquanto as atrizes esticam-se até ficarem deformadas, cada nova ruga no canto de olho do Clooney deveria lhe render um Oscar na categoria charme. Não é demasiadamente cruel esse padrão estético feminino?

"Cante lá, que eu canto cá"
Além dos cinemas, os teatros também estavam bem cheios, mas consegui ingresso para ver Concerto de Ispinho e Fulô (Cia. do Tijolo), que retratou a cultura nordestina com proeza. Deu para ficar tocada pelo drama da seca, emocionada com os poemas do cearense Patativa de Assaré, e animada com forró, Cajuína e cachaça, servidos para a plateia.

"(...)Depois que os dois livro eu li,
Fiquei me sintindo bem,
E ôtras coisinha aprendi
Sem tê lição de ninguém.
Na minha pobre linguage,
A minha lira servage
Canto o que minha arma sente
E o meu coração incerra,
As coisa de minha terra
E a vida de minha gente.
(...)
Cheio de rima e sintindo
Quero iscrevê meu volume,
Pra não ficá parecido
Com a fulô sem perfume;
A poesia sem rima,
Bastante me disanima
E alegria não me dá;
Não tem sabô a leitura,
Parece uma noite iscura
Sem istrela e sem luá."

(...) Patativa do Assaré

Amanhã, após o meio dia, começa o "expediente útil" do Ano do Tigre de Ferro.

Eu estou preparada.

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