Tuesday, August 30, 2011
In this quiet little place/ I can't remember having known a different pace
"Quiet little place (K's Choice)
In this quiet little place
I can't remember having known a different pace
In this quiet little place
I can surrender to the beauty of its face
And now everything I see
Whether it's an airplane or a tree
It makes me wonder
About the things I must have missed
And the chains around my wrists
They are no longer
In this quiet little place
I can't imagine what it's like to be back home
Where they care about what time it is
And spend their days answering the phone
And now everything I feel
Whether it's fiction or it's real
It's so much clearer
Like the color of this light
It seems more dangerous and bright
But I don't fear her
And slowly it fades, I'm back in the race
I have to fight it, I know
I don't want to go away
In this quiet little place
You run your fingers through my hair and whisper "Hey"
And no matter how I try
I can't seem to think of anything better to say..."
Welkom to Holland!
Bem-vindos ao "verao" holandes.
Amsterdam (rua do Museu de Anne Frank)
Didi I
Lagos, pastagens, vacas, ovelhas e cabritos. Infinitos!
Thonie e Nelie
Marken
Volendam
Inicio da caminhada de dois dias pelo interior da Holanda (acabo de voltar, com alguns calos novos nos pes)
Panqueca vegetariana
Gouda! Lembra do queijo?
Quando a cidade termina, eles costumam riscar por cima. Tot ziens significa " see you"...
Peregrinacao
Uma casa mais linda do que a outra no caminho
Iyengar Yoga Institute in Amsterdam. Experimentando ateh novos acessorios para praticar as posturas :)
" The true journey of discovery consists not in seeking new landscapes but in having fresh eyes" Marcel Proust
Amsterdam (rua do Museu de Anne Frank)
Didi I
Lagos, pastagens, vacas, ovelhas e cabritos. Infinitos!
Thonie e Nelie
Marken
Volendam
Inicio da caminhada de dois dias pelo interior da Holanda (acabo de voltar, com alguns calos novos nos pes)
Panqueca vegetariana
Gouda! Lembra do queijo?
Quando a cidade termina, eles costumam riscar por cima. Tot ziens significa " see you"...
Peregrinacao
Uma casa mais linda do que a outra no caminho
Iyengar Yoga Institute in Amsterdam. Experimentando ateh novos acessorios para praticar as posturas :)
" The true journey of discovery consists not in seeking new landscapes but in having fresh eyes" Marcel Proust
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Friday, August 26, 2011
Quote of the day
"Could you possible be here, wherever you are?"
John Kabat-Zinn (108 Lessons in Mindfulness)
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Thursday, August 25, 2011
Obrigada, London!
Com Cinthia e Chris, momentos muito especiais.
Sunset today.
Minhas queridas Eliza e Julia, no pub em Putney Bridge.
Por que catzo eu inventei de pedir isso?!! O chef de cozinha fumou?
My Polish Blue Eyes.
Tate Modern Gallery. Vi hoje uma exposicao sensacional de Joan Miro. Eu-a-mo-os-surrealistas.
Minha companheira de viagem.
Pensando no Mr. Wings.
Sunset today.
Minhas queridas Eliza e Julia, no pub em Putney Bridge.
Por que catzo eu inventei de pedir isso?!! O chef de cozinha fumou?
My Polish Blue Eyes.
Tate Modern Gallery. Vi hoje uma exposicao sensacional de Joan Miro. Eu-a-mo-os-surrealistas.
Minha companheira de viagem.
Pensando no Mr. Wings.
Minha proxima parada, tomorrow: Amsterdam!
Photos by Carli, London 2011
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Wednesday, August 24, 2011
Da arte de viver sem chao
"And I'm feeling the same way all over again no matter how much I pretend..."
A arte de nao fazer "nada"
Passei a tarde descompromissada. Horas e horas no Holland Park, caminhando entre as flores, deitada na grama, largada no sol. Siesta, massagem nos pes, burburinho de criancas, esquilo saltitante, yoga, saudades, entrega.
Havia muita gente sendo cumplice na "ousadia" de nao fazer nada em plena quarta-feira de ordem e progresso.
Mais duas placas otimas para minha colecao. No Primeiro Mundo, os papais tambem sao convidados a trocar as fraldas sujas do bebe.
Zen garden.
Seis anos ja se passaram desde o tempo em que morei em Londres e parece que, internamente, tao pouco mudei.
Havia muita gente sendo cumplice na "ousadia" de nao fazer nada em plena quarta-feira de ordem e progresso.
Mais duas placas otimas para minha colecao. No Primeiro Mundo, os papais tambem sao convidados a trocar as fraldas sujas do bebe.
Zen garden.
Seis anos ja se passaram desde o tempo em que morei em Londres e parece que, internamente, tao pouco mudei.
Ainda me alegro tanto com a combinacao de ceu azul e folhas reluzentes ao vento...
Photos by Carli, hoje
Monday, August 22, 2011
Impermanência
Sunday, August 21, 2011
Do caderno de viagem
"A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, é o que somos." Fernando Pessoa
Photo by Carli, British Museum, 21/08/11
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Saturday, August 20, 2011
Off I go!
Obrigada a todos os amigos e namorado pelo carinho enorme, principalmente, nessas duas últimas semanas tão cheias de fortes emoções.
Estou no aeroporto. Primeira parada: Londres, minha cidade favorita abroad!
Estou no aeroporto. Primeira parada: Londres, minha cidade favorita abroad!
Thursday, August 18, 2011
A vida me presenteia
Ganhei cadernos lindos de anotações de viagem da Cilenita, abraço apertado da Erika, e-mail me incentivando a aproveitar a viagem para fazer Meditação Vipassana (sim, aqueles 10 dias sentada em silêncio, sem doce, café ou prazeres mundanos)...
O check list das pendências começa finalmente a minguar.
“An intellectual mind that is unconnected to the heart is an uncultivated mind.” B.K.S Iyengar
O check list das pendências começa finalmente a minguar.
“An intellectual mind that is unconnected to the heart is an uncultivated mind.” B.K.S Iyengar
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Vida em Sampa
Wednesday, August 17, 2011
Três...
"O por do sol vai renovar, brilhar de novo, o seu sorriso
E libertar da areia preta e do arco-íris cor de sangue, cor de sangue, cor de sangue ...
O beijo meu vem com melado decorado cor de rosa
O sonho seu vem dos lugares mais distantes, terras dos gigantes, Super Homem, super mosca, super carioca, super eu, super eu ...
Deixa tudo em forma, é melhor, não sei
Não tem mais perigo, digo, já não sei
Ela está comigo, o som e o sol não sei
O sol não advinha, baby, é magrelinha
O sol não adivinha, baby, é magrelinha
No coração do Brasil
No coração do Brasil
No coração, no coração
No coração do Brasil
No coração, no coração..." Magrelinha, Luiz Melodia
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ótimo
"Micobama
Fala sério: tem coisa mais provinciana que o Obama chegando de ônibus num quintal de Cannon Falls para discutir a crise econômica americana com donas de casa de Minnesota?
Depois reclama quando é rebaixado!"
Tutty Vasques
Fala sério: tem coisa mais provinciana que o Obama chegando de ônibus num quintal de Cannon Falls para discutir a crise econômica americana com donas de casa de Minnesota?
Depois reclama quando é rebaixado!"
Tutty Vasques
Tuesday, August 16, 2011
Contagem regressiva
A partir deste sábado, ficarei em retiro comigo mesma pelo mundo, mais precisamente na Índia. Esses dias preparatórios não têm sido fáceis, confesso, porém já fazem parte da viagem e do autoconhecimento. A vida insiste em me dar negativas, que coisa! E eu lembro da Lama Tsering fazendo o meu mapa astral, com a dica para este meu retorno de Saturno: Medite, Carline, Medite!
Por ora, aperto o (fictício) cinto de segurança e respiro.
Mantra desta terça-feira: "Life is precious and it´s brief and you can use it well!"
Compartilhando mais Pema Chodron, sobre Céu e Inferno...
"Heaven and Hell
A big, burly samurai comes to a Zen master and says, 'Tell me the nature of heaven and hell.'
The Zen master looks him in the face and says, 'Why should I tell a scruffy, disgusting, miserable slob like you? A worm like you, do you think I should tell you anything?'
Consumed by rage, the samurai draws his sword and raises it to cut off the master´s head.
The Zen master says, 'That´s hell.'
Instantly, the samurai understands that he has just created his own hell - black and hot, filled with hatred, self-protection, anger and resentment. He sees that he was so deep in hell that he was ready to kill someone. Tears fill his eyes as he puts his palms together to bow in gratitute for this insight.
The Zen master says, 'That´s heaven.'
The view of the warrior-bodhisattva is not 'Hell is bad and Heaven is good' or 'Get rid of hell and just seek heaven.' Instead, we encourage ourselves to develop an open heart and open mind to heaven, to hell, to everything. Only with this kind of equanimity can we realize that no matter what comes along, we´re always stading in the middle of a sacred space. Only with equanimity can we see that everything that comes into our circle has come to teach us what we need to know."
Pema Chodron, Comfortable With Uncertainty
Imagem: retirada do wipimedia
Por ora, aperto o (fictício) cinto de segurança e respiro.
Mantra desta terça-feira: "Life is precious and it´s brief and you can use it well!"
Compartilhando mais Pema Chodron, sobre Céu e Inferno...
"Heaven and Hell
A big, burly samurai comes to a Zen master and says, 'Tell me the nature of heaven and hell.'
The Zen master looks him in the face and says, 'Why should I tell a scruffy, disgusting, miserable slob like you? A worm like you, do you think I should tell you anything?'
Consumed by rage, the samurai draws his sword and raises it to cut off the master´s head.
The Zen master says, 'That´s hell.'
Instantly, the samurai understands that he has just created his own hell - black and hot, filled with hatred, self-protection, anger and resentment. He sees that he was so deep in hell that he was ready to kill someone. Tears fill his eyes as he puts his palms together to bow in gratitute for this insight.
The Zen master says, 'That´s heaven.'
The view of the warrior-bodhisattva is not 'Hell is bad and Heaven is good' or 'Get rid of hell and just seek heaven.' Instead, we encourage ourselves to develop an open heart and open mind to heaven, to hell, to everything. Only with this kind of equanimity can we realize that no matter what comes along, we´re always stading in the middle of a sacred space. Only with equanimity can we see that everything that comes into our circle has come to teach us what we need to know."
Pema Chodron, Comfortable With Uncertainty
Imagem: retirada do wipimedia
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Saturday, August 13, 2011
Inspire
"Health is firmness in body, stability in mind and clarity in thinking. If a mirror is clean, it reflects objects clearly...
Health is the mirror of man." B.K.S. Iyengar
Health is the mirror of man." B.K.S. Iyengar
Friday, August 12, 2011
Thursday, August 11, 2011
Wednesday, August 10, 2011
Libra Daily Horoscope: Nurture Yourself First
A importância de conhecermos a melhor forma de nutrir a si mesmo serve bem para todos os signos do zodíaco.
Hoje, me acolho, almoço berinjela, penso no namorado, planejo com amor o destino dos próximos meses sabáticos e, quem sabe, até um cinema à noite com Cilene? E a campanha do último reveillon entre bons amigos em Santa Catarina surge mais forte do que nunca:"Eu mereço!" .
August 10, 2011
"Today you may feel greater compassion for others and want to express yourself in a nurturing manner. It might seem easy for you to take on the challenges of the people around you in order to make their lives more comfortable. While it is important to want to save the world and help others, today you may also need to remember to nurture yourself first. Before giving to others, you can take a few minutes to do a loving-kindness meditation. Focus your attention on yourself, wishing that you will soon find love, peace, and happiness. Then widen this circle of love to include your family and friends, and finally all beings in the world. By doing this meditation you may notice that it becomes easier to truly help others.
Learning to extend compassion to ourselves first and then to others allows us to cultivate true care. When we feel the need to help other people we can easily wear ourselves out unless we make the effort to care for ourselves. We sometimes have the tendency to help other people and hope that we get something back in return, which means that our compassion is tainted by our desire to be needed.
By giving ourselves the love we need, however, we provide ourselves with the strength and unconditional love required to selflessly support others. Grounding ourselves in an unlimited source of love and peace lets us give so much more as a result. By practicing loving-kindness meditation today, you will give with a pure heart and increase the effects of your compassionate acts."
Hoje, me acolho, almoço berinjela, penso no namorado, planejo com amor o destino dos próximos meses sabáticos e, quem sabe, até um cinema à noite com Cilene? E a campanha do último reveillon entre bons amigos em Santa Catarina surge mais forte do que nunca:"Eu mereço!" .
August 10, 2011
"Today you may feel greater compassion for others and want to express yourself in a nurturing manner. It might seem easy for you to take on the challenges of the people around you in order to make their lives more comfortable. While it is important to want to save the world and help others, today you may also need to remember to nurture yourself first. Before giving to others, you can take a few minutes to do a loving-kindness meditation. Focus your attention on yourself, wishing that you will soon find love, peace, and happiness. Then widen this circle of love to include your family and friends, and finally all beings in the world. By doing this meditation you may notice that it becomes easier to truly help others.
Learning to extend compassion to ourselves first and then to others allows us to cultivate true care. When we feel the need to help other people we can easily wear ourselves out unless we make the effort to care for ourselves. We sometimes have the tendency to help other people and hope that we get something back in return, which means that our compassion is tainted by our desire to be needed.
By giving ourselves the love we need, however, we provide ourselves with the strength and unconditional love required to selflessly support others. Grounding ourselves in an unlimited source of love and peace lets us give so much more as a result. By practicing loving-kindness meditation today, you will give with a pure heart and increase the effects of your compassionate acts."
Tuesday, August 09, 2011
Da arte de viver sem chão
Quem quer trocar um retiro de meditação na Califórnia pelo base camp do Everest, levanta a mão!
Ah, o Ano do Coelho. Pode assar que eu largo mão de ser vegetariana.
Ah, o Ano do Coelho. Pode assar que eu largo mão de ser vegetariana.
Friday, August 05, 2011
O paradoxo de Amy Winehouse
Por Contardo Calligaris (Folha S.Paulo 4/8/11)
"Stéphanie, minha enteada, tem 11 anos: ainda é menina, mas é já moça. Assim que foi informada da morte de Amy Winehouse, ela veio até minha escrivaninha e, simulando o choro inconsolável de um nenê, perguntou: 'Você está sabendo que morreu minha cantora preferida?'.
Justamente por ela simular o choro e se esforçar para ser engraçada, pensei que devia estar sofrendo muito. A coisa se confirmou no meio da noite, quando Stéphanie acordou, e, para que reencontrasse o sono, foi preciso que alguém conversasse com ela sobre a vida e a morte de Amy.
Teria gostado de poder oferecer a Stéphanie uma boa explicação pela dureza da vida e da morte de sua cantora preferida -por exemplo, dizer que Amy teve uma infância muito triste, que nada em sua vida adulta pôde compensar; ou, então, que ela teve sorte na vida profissional, mas não no amor, e se perdeu nas drogas e no álcool por desesperos sentimentais. Mas o que sei da infância e dos amores de Amy é só fofoca.
Sem mentir nem inventar, melhor deixar Stéphanie lidar com este enigma: alguém pode ter um extraordinário talento, gostar de exercê-lo, alcançar sucesso e reconhecimento, amar e ser amado por um ou mais parceiros e, mesmo assim, esbarrar num vazio que nada consegue preencher.
Stéphanie também tinha lido sobre a maldição dos 27 anos, que, antes de Amy, teria pego Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Kurt Cobain etc. Como é normal na sua idade, ela parecia sensível à 'glória' de morrer jovem (ou talvez de não viver até se tornar tão chato quanto os adultos).
Foi fácil desvalorizar a morte precoce mostrando que ela é, justamente, um ideal muito antigo: o rock apenas retomou o lugar comum romântico do poeta que vive tão intensamente que, como Ícaro, queima suas asas e cai antes da hora, em pleno voo. Em suma, eu não tenho nada contra viver intensamente; ao contrário, artista ou não, acho que a gente deve viver da maneira mais intensa que der. Mas resta o seguinte: a ideia de que viver intensamente consistiria, por exemplo, em encher a cara de absinto ou ópio é velha de 200 anos.
Agora, há uma coisa que pensei e que não disse a Stéphanie: no fundo, para mim, a história de Amy tem um valor pedagógico, não só (obviamente) como exemplo dissuasivo ('Olhe o que pode lhe acontecer se você beber ou se drogar'), mas também como exemplo 'positivo'.
Como assim, positivo???
Concordo, a morte de Amy é um horror e uma estupidez, mas também lembra que viver é uma coisa séria, com apostas e riscos sérios, a começar pelo risco de perder a própria vida antes da hora. Você dirá: 'Alguém duvida disso?'. Pois é, constato que há um monte de gente tentando convencer nossas crianças de que a vida é feita de gritinhos, compras e namoricos que só servem para trocar trivialidades online com amigos e amigas.
Até a morte de Amy, eu pensava que o cantor preferido de Stéphanie fosse Justin Bieber. Ora, é possível que Bieber seja uma espécie de Dorian Gray (uma cara de porcelana que esconde dramas e anseios humanos), mas o fato é que ele promove uma imagem de bom moço num mundo intoleravelmente cor-de-rosa.
'E daí?', dirão alguns pais, 'não seria esse o adolescente ideal com quem deveríamos gostar que nossas filhas saíssem, em sua primeira ida ao cinema sozinhas com um garoto?'. E acrescentarão: 'Você quer o quê, que sua enteada seja parecida com Justin Bieber ou com Amy Winehouse?'.
Claro, é um golpe baixo: ninguém quer que sua filha acabe como Amy. Mas devolvo a pergunta: será que Justin Bieber é mesmo melhor? Stéphanie será mais protegida se ela permanecer numa pré-adolescência à la fã de Justin Bieber. Mas protegida de quê, se não da própria vida? Entre imaginá-la errando para sempre num corredor de shopping e imaginá-la numa balada que pode acabar na sarjeta à la Amy, a escolha não é fácil. E, na comparação, Amy passa a simbolizar minha esperança (e meu receio, indissociavelmente) de que Stéphanie cresça e se torne mulher, com desejos próprios, fortes.
É o paradoxo de Amy: o que você prefere, uma filha que se perca tragicamente nos excessos do desejo ou uma filha que chegue à vida adulta sem ter conhecido outros desejos do que os que surgem nas conversas sobre marcas de mochilas e sapatos?".
"Stéphanie, minha enteada, tem 11 anos: ainda é menina, mas é já moça. Assim que foi informada da morte de Amy Winehouse, ela veio até minha escrivaninha e, simulando o choro inconsolável de um nenê, perguntou: 'Você está sabendo que morreu minha cantora preferida?'.
Justamente por ela simular o choro e se esforçar para ser engraçada, pensei que devia estar sofrendo muito. A coisa se confirmou no meio da noite, quando Stéphanie acordou, e, para que reencontrasse o sono, foi preciso que alguém conversasse com ela sobre a vida e a morte de Amy.
Teria gostado de poder oferecer a Stéphanie uma boa explicação pela dureza da vida e da morte de sua cantora preferida -por exemplo, dizer que Amy teve uma infância muito triste, que nada em sua vida adulta pôde compensar; ou, então, que ela teve sorte na vida profissional, mas não no amor, e se perdeu nas drogas e no álcool por desesperos sentimentais. Mas o que sei da infância e dos amores de Amy é só fofoca.
Sem mentir nem inventar, melhor deixar Stéphanie lidar com este enigma: alguém pode ter um extraordinário talento, gostar de exercê-lo, alcançar sucesso e reconhecimento, amar e ser amado por um ou mais parceiros e, mesmo assim, esbarrar num vazio que nada consegue preencher.
Stéphanie também tinha lido sobre a maldição dos 27 anos, que, antes de Amy, teria pego Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Kurt Cobain etc. Como é normal na sua idade, ela parecia sensível à 'glória' de morrer jovem (ou talvez de não viver até se tornar tão chato quanto os adultos).
Foi fácil desvalorizar a morte precoce mostrando que ela é, justamente, um ideal muito antigo: o rock apenas retomou o lugar comum romântico do poeta que vive tão intensamente que, como Ícaro, queima suas asas e cai antes da hora, em pleno voo. Em suma, eu não tenho nada contra viver intensamente; ao contrário, artista ou não, acho que a gente deve viver da maneira mais intensa que der. Mas resta o seguinte: a ideia de que viver intensamente consistiria, por exemplo, em encher a cara de absinto ou ópio é velha de 200 anos.
Agora, há uma coisa que pensei e que não disse a Stéphanie: no fundo, para mim, a história de Amy tem um valor pedagógico, não só (obviamente) como exemplo dissuasivo ('Olhe o que pode lhe acontecer se você beber ou se drogar'), mas também como exemplo 'positivo'.
Como assim, positivo???
Concordo, a morte de Amy é um horror e uma estupidez, mas também lembra que viver é uma coisa séria, com apostas e riscos sérios, a começar pelo risco de perder a própria vida antes da hora. Você dirá: 'Alguém duvida disso?'. Pois é, constato que há um monte de gente tentando convencer nossas crianças de que a vida é feita de gritinhos, compras e namoricos que só servem para trocar trivialidades online com amigos e amigas.
Até a morte de Amy, eu pensava que o cantor preferido de Stéphanie fosse Justin Bieber. Ora, é possível que Bieber seja uma espécie de Dorian Gray (uma cara de porcelana que esconde dramas e anseios humanos), mas o fato é que ele promove uma imagem de bom moço num mundo intoleravelmente cor-de-rosa.
'E daí?', dirão alguns pais, 'não seria esse o adolescente ideal com quem deveríamos gostar que nossas filhas saíssem, em sua primeira ida ao cinema sozinhas com um garoto?'. E acrescentarão: 'Você quer o quê, que sua enteada seja parecida com Justin Bieber ou com Amy Winehouse?'.
Claro, é um golpe baixo: ninguém quer que sua filha acabe como Amy. Mas devolvo a pergunta: será que Justin Bieber é mesmo melhor? Stéphanie será mais protegida se ela permanecer numa pré-adolescência à la fã de Justin Bieber. Mas protegida de quê, se não da própria vida? Entre imaginá-la errando para sempre num corredor de shopping e imaginá-la numa balada que pode acabar na sarjeta à la Amy, a escolha não é fácil. E, na comparação, Amy passa a simbolizar minha esperança (e meu receio, indissociavelmente) de que Stéphanie cresça e se torne mulher, com desejos próprios, fortes.
É o paradoxo de Amy: o que você prefere, uma filha que se perca tragicamente nos excessos do desejo ou uma filha que chegue à vida adulta sem ter conhecido outros desejos do que os que surgem nas conversas sobre marcas de mochilas e sapatos?".
Thursday, August 04, 2011
Happy Birthday
Dani PéNaJaca celebra aniversário hoje; minha amiga de Brusque - nossa terrinha natal, que também celebra 151 anos. Desejo muitas e muitas felicidades!
Aproveitei o feriado municipal para ficar em família. Chamei os tios e primos para jantarem aqui na casa de meus pais, já que ninguém havia se empolgado mesmo de ver a dupla Gian & Giovanni e mais trocentos sertanejos no show em homenagem à cidade. Aliás, clique aqui para conhecer a história e colonização de Bruxxxque.
Nas minhas andanças pelo centro, quando encontro conhecidos e digo que moro em São Paulo, sinto que as pessoas até querem me dar um abraço, genuinamente com pena de mim. Uia!
Foto: Juliana Krieger, Daniela Zen e yo. O trio bruxquense em Sampa em 2010
Aproveitei o feriado municipal para ficar em família. Chamei os tios e primos para jantarem aqui na casa de meus pais, já que ninguém havia se empolgado mesmo de ver a dupla Gian & Giovanni e mais trocentos sertanejos no show em homenagem à cidade. Aliás, clique aqui para conhecer a história e colonização de Bruxxxque.
Nas minhas andanças pelo centro, quando encontro conhecidos e digo que moro em São Paulo, sinto que as pessoas até querem me dar um abraço, genuinamente com pena de mim. Uia!
Foto: Juliana Krieger, Daniela Zen e yo. O trio bruxquense em Sampa em 2010
Quarta-feira
Tem dias que a gente acorda com a bela ideia de começar Moby Dick!
"Quanto a mim, vivo atormentado por um contínuo desejo de tudo o que é remoto. Gosto de navegar em mares proibidos e de desembarcar em costas bárbaras. Mesmo reconhecendo o que é bom, estou sempre pronto para perceber um horror e até posso familiarizar-me com ele (se mo permitem), pois convém estar em termos de amizade com todos os habitantes do lugar onde nos hospedamos.
Assim, por todas essas razões, pareceu-me uma felicidade a viagem de pesca de baleias; abriram-se de par em par as comportas do mundo das maravilhas, e nas concepções fantásticas que me prendiam ao meu propósito flutuavam, no recôndito do meu espírito, procissões intermináveis de baleias, de duas a duas e, dentre todas elas, um grande fantasma encapuzado, como uma montanha de neve no ar." Herman Melville
Permaneço no inverno catarinense até sexta-feira. Tem gente que aproveita o frio sulista para perseguir geada, neve e ventos fortes. Estou dentre os adeptos do chá quente, toca de edredons e boas leituras. Poesia, em meu cotidiano, é não passar frio, nem se importar com rimas.
"Quanto a mim, vivo atormentado por um contínuo desejo de tudo o que é remoto. Gosto de navegar em mares proibidos e de desembarcar em costas bárbaras. Mesmo reconhecendo o que é bom, estou sempre pronto para perceber um horror e até posso familiarizar-me com ele (se mo permitem), pois convém estar em termos de amizade com todos os habitantes do lugar onde nos hospedamos.
Assim, por todas essas razões, pareceu-me uma felicidade a viagem de pesca de baleias; abriram-se de par em par as comportas do mundo das maravilhas, e nas concepções fantásticas que me prendiam ao meu propósito flutuavam, no recôndito do meu espírito, procissões intermináveis de baleias, de duas a duas e, dentre todas elas, um grande fantasma encapuzado, como uma montanha de neve no ar." Herman Melville
Permaneço no inverno catarinense até sexta-feira. Tem gente que aproveita o frio sulista para perseguir geada, neve e ventos fortes. Estou dentre os adeptos do chá quente, toca de edredons e boas leituras. Poesia, em meu cotidiano, é não passar frio, nem se importar com rimas.
Tuesday, August 02, 2011
Um coração iluminado no campo de concentração nazista
Levou-me mais de dois anos para terminar de ler Etty Hillesum - An interrupted life and letters from Westerbork". A obra é conhecida como uma versão adulta dos diários de Anne Frank. Tal como esta, Etty era judia, vivia na Holanda, e sofreu de perto os horrores do genocídio nazista. Foi morta em Auschwitz em 1943, aos 29 anos. O que impressiona em seus diários, no entanto, é a sua resistência interna para encarar a experiência com mais abertura e menos sofrimento, além de sua generosidade para ajudar outras vítimas desta saga tenebrosa.
Inspiração à parte, tive dificuldades de avançar na leitura porque esse "episódio" da história da humanidade é árido, inconcebível, extremamente injusto e cruel. Sinto que nenhum adjetivo será suficiente para descrevê-lo.
Compartilho alguns trechos...
“A good lunch, which used to be something we took for granted, is now a special treat. As life becomes harder and more threatening, it also becomes richer, because the fewer expectations we have, the more the good things of life become unexpected gifts that we accept with gratitude. At least, that´s how I feel, and he as well, and we can tell each other from time to time how strange it is that we feel no hatred or indignation or bitterness, but we can´t say that openly in company, for no one would understand.”
(...)
“Sunday night. Verbalize, vocalize, visualize.
Many people are still hieroglyphs to me, but gradually I am learning to decipher them. It is the best I can do: to read life from people. In Westerbork it was as if I stood before the bare palisade of life. Life´s innermost framework, stripped of all outer trappings. ‘Thank You, God, for teaching me to read better and better’.
I talk a great deal to people, more than ever of late. I still speak much more expressively and clearly than I can write. Sometimes I feel that I shouldn´t dissipate my strength on the spoken word, that I should withdraw and go my own quiet, searching way on paper. A part of me wants to do just that. But another part wavers and loses itself in words among people. (...)
My heart is a floodgate for a never-ending tide of misery.”
“(...) The sky is full of birds, the purple lupins stand up so regally and peacefully, two little old women have sat down on the box for a chat, the sun is shinning on my face - and right before our eyes, mass murder. The whole thing is simply beyond comprehension.
Love
Etty”
(Thanks very much indeed for the gift, my dear friend Michele!)
Inspiração à parte, tive dificuldades de avançar na leitura porque esse "episódio" da história da humanidade é árido, inconcebível, extremamente injusto e cruel. Sinto que nenhum adjetivo será suficiente para descrevê-lo.
Compartilho alguns trechos...
“A good lunch, which used to be something we took for granted, is now a special treat. As life becomes harder and more threatening, it also becomes richer, because the fewer expectations we have, the more the good things of life become unexpected gifts that we accept with gratitude. At least, that´s how I feel, and he as well, and we can tell each other from time to time how strange it is that we feel no hatred or indignation or bitterness, but we can´t say that openly in company, for no one would understand.”
(...)
“Sunday night. Verbalize, vocalize, visualize.
Many people are still hieroglyphs to me, but gradually I am learning to decipher them. It is the best I can do: to read life from people. In Westerbork it was as if I stood before the bare palisade of life. Life´s innermost framework, stripped of all outer trappings. ‘Thank You, God, for teaching me to read better and better’.
I talk a great deal to people, more than ever of late. I still speak much more expressively and clearly than I can write. Sometimes I feel that I shouldn´t dissipate my strength on the spoken word, that I should withdraw and go my own quiet, searching way on paper. A part of me wants to do just that. But another part wavers and loses itself in words among people. (...)
My heart is a floodgate for a never-ending tide of misery.”
“(...) The sky is full of birds, the purple lupins stand up so regally and peacefully, two little old women have sat down on the box for a chat, the sun is shinning on my face - and right before our eyes, mass murder. The whole thing is simply beyond comprehension.
Love
Etty”
(Thanks very much indeed for the gift, my dear friend Michele!)
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