"Não há cidades sustentáveis sem desenvolvimento sustentável. E não há desenvolvimento sustentável enquanto tivermos essa obsessão pelo crescimento infinito e um consumo insustentável". Aplausos bem fortes ecoaram no auditório do Humanidade após essa frase dita pelo sociólogo português Boaventura de Sousa Santos. As palavras são verdadeiras, concordo, tal como foi todo o discurso dele, mas saí do evento me perguntando: qual é a novidade? Por que precisamos ainda de discursos autorizados por gurus, mestres e heróis para nos emocionarmos e, principalmente, para ainda conseguirmos sonhar com um futuro desejável de solidariedade? Quanto dessa comoção por outro ritmo de vida e de trabalho pode virar realidade?
"O desenvolvimento sustentável exige outro conceito de prosperidade. A riqueza de um país não pode ser medida pelo PIB. A produção de armamento de guerra é o que incrementa o PIB hoje em dia".
"Temos que investir na economia da solidariedade".
"Chegou o tempo da convivência, do encontro. O tempo rápido do trabalho tem que conviver com o tempo lento, como o do campo".
"Vivemos hoje um apartheid social. As cidades foram criadas para gerar solidariedade entre as pessoas que não são de uma mesma família."
Boaventura de Sousa Santos
Esse painel "Cidades Sustentáveis: oportunidades para empreendedores sociais", que aconteceu no Forte de Copacabana em 17 de junho, também mostrou a realidade de Victoria-Gasteiz, na Espanha, considerada a cidade mais verde da União Europeia. Segundo o prefeito Javier Maroto, essa conquista foi possível por dois fatores: comprometimento e união política (os programas socioambientais têm continuidade permanente e não mudam a cada gestão de 4 anos) e vontade própria dos cidadãos. "Eles querem ser sustentáveis e cuidam realmente da cidade", diz Maroto. Esse exemplo me surpreendeu.
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