A paciente Esmin Green, de 49 anos, após ter esperado 24 horas para ser atendida, desmaiou no chão do Hospital Kings County, no bairro do Brooklyn, em Nova York. Várias pessoas viram ela estirada, se contorcendo, inclusive o vigia e próprio diretor da instituição, e nada fizeram. Uma hora depois, quando finalmente alguém chegou perto - e chegou chutando o pé dela para verificar se estava viva, sem nenhuma urgência em prestar socorro - comprovou-se que Esmin estáva, de fato, morta. Foi recolhida como lixo. O vídeo com as imagens dessa cena lamentável de descaso humano correu o mundo no último dia 19 de junho (se você não o viu, clique aqui, por favor).
Na época, me perguntei como um país que se gaba de ser de primeiro mundo pode tratar tão mal seus cidadãos? A resposta tornou-se mais clara ao assistir o mais recente documentário de Michael Moore, Sicko. Sem um sistema nacional de saúde, os norte-americanos têm que se virar para pagar seguros de saúde privados. Os pobres, se ferram. E os que possuem, como mostra o vídeo, quando efetivamente precisam dos serviços, são surpreendidos com pedidos de tratamento rejeitados. No filme, uma moça de 20 anos descobriu que tinha câncer e não conseguiu tratamento pois a companhia alegou que "ela era nova demais para ter câncer". Os absurdos relatados são inúmeros e chocantes tanto quanto o lucro crescente dessas companhias.
Ok, eu também concordo que o sensacionalismo de Moore às vezes beira o melodrama, mas
o documentário levanta muitas discussões urgentes. Quando estava na Califórnia, uma amiga contou que havia sofrido um acidente e como não tinha plano de saúde "ajeitou o joelho da melhor forma". Dez anos depois, ainda sofre com limitações de movimento e dores.
Moore sempre provoca o sonho de vida americano comparando esse estilo com a realidade do Canadá, da França, da Inglaterra - todos países que oferecem sistema universal de saúde à população, o tachado pejorativamente de "medicina socializada" pelos governantes yankees.
Tratamento digno, gratuito e de extrema qualidade. Isso eu comprovei em Londres, quando fiz um check up médico na chamada Clínica da Mulher. Absolutamente de graça todos os exames, não pediram nem meu passaporte e o que mais me impressinou foi o cuidado na entrega do resultado do exame de sangue. "Você tem alguém em casa que pode te dar o devido suporte quando chegar o resultado, caso seja necessário? Se não, preferirmos que você retire daqui a seis horas aqui na clínica, onde olharemos juntos".
Sunday, August 03, 2008
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1 comment:
Em relação a essa história dos EUA, como diz o Ancelmo Góis, "deve ser terrível morar num lugar desses..."
:)
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