Em junho, me surpreendi. Como há tempos não fazia. Deixei a casa cair, conversei com os meus botões, terminei um relacionamento que começou em um ponto de ônibus na Luiz Carlos Berrini em 2001, refleti sobre todos os chavões, tempo é o melhor remédio, a dor é inveitável mas o sofrimento é opcional, clamei por solitude, fiz sequencias incansáveis de adho mukha svanasana, só não conversei com Deus, pois me falta um. Em junho, perdi o apetite, alguns quilos, todas as festas juninas, o que restava de umas poucas certezas, o sono, o lançamento do livro da querida Naomí, a disciplina de meditar pela manhã. Me esvaí no banheiro - o que não merece detalhes em blog.
Apesar da revolução interna, que anestesia a maioria das experiências cotidianas, recebi muitos gestos de carinho e de acolhimento. Escreveria até poesia de agradecimento aos amigos, se tivesse o dom. Ontem saí para caminhar com uma amiga das mais especiais, aceitei jantar na sua casa, e acabei terminando um vinho aberto no dia anterior, que coincidentemente havia sido levado pelo ex (temos essa grande amiga em comum). Ao sabor de carmenére, simbolicamente percebi como os descompassos de momentos de vida nos tornam distantes, um mais à frente, outro atrás. E o amor, nisso tudo, não se acaba simplesmente (óbvio), mas é absorvido integralmente pelo corpo e pela alma e transformado em degustação solo; diferente, mas nem por isso menos especial.
Eu sei que blog costuma tratar da vida pessoal, dos devaneios íntimos, sonhos e tudo mais. A parte de relacionamento, entretanto, tem que ser vivida e não simplificada em palavras que acabam descolorindo o seu sentido e, pior, incentivando julgamentos alheios. Privacidade e respeito, acima de tudo.
"Porque o amor
É a coisa mais triste
Quando se desfaz
O amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz".
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