Final de semana (passado) especial na formação de Iyengar Yoga, com “formatura” de mais seis amigos queridos: Janine, Felipe baiano, Joana, Fátima, Fernanda e Renata.
Com desenvoltura, apesar de se declarar "tímida", a Fátima revelou os seus talentos artísticos no violão e canto de mantra. A Rê conduziu uma sessão de massagem em grupo e em dupla. Mal sabia ela que ninguém iria manter a concentração...
A Jô compartilhou um trecho do livro de Raduan Nassar, Lavoura Arcaica, que reproduzo abaixo, como se pudesse costurar os belos momentos em um tecido único para ser dobrado e guardado com carinho, no qual todos nos entregamos às intermináveis horas de prática e meditação ativa.
“O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é, contudo, nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim, é um pomo exótico que não pode ser repartido, podendo, entretanto, prover igualmente a todo mundo;
onipresente, o tempo está em tudo; existe tempo, por exemplo, nesta mesa antiga: existiu primeiro uma terra propícia, existiu depois uma árvore secular feita de anos sossegados, e existiu finalmente uma prancha nodosa e dura trabalhada pelas mãos de um artesão dia após dia,
existe tempo nas cadeiras onde nos sentamos, nos outros móveis da família, nas paredes da nossa casa, na água que bebemos, na terra que fecunda,
na semente que germina, nos frutos que germina, nos frutos que colhemos, no pão em cima da mesa, na massa fértil dos nossos corpos, na luz que nos ilumina,
nas coisas que nos passam pela cabeça, no pó que dissemina, assim como em tudo que nos rodeia;
rico não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de moedas, e nem aquele, devasso que se estende, mãos e braços, em terras largas;
só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde , a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra o seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não a sua ira;
o equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar, ou a de espera, que se deve pôr nas coisas,
não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é; por isso, ninguém em nossa casa há de dar nunca o passo mais largo que a perna (...);
aquele que exorbita no uso do tempo, precipitando-se de modo afoito, cheio de pressa e ansiedade, não será jamais recompensado,
pois só a justa medida do tempo dá a justa natureza das coisas, não bebendo do vinho quem esvazia num só gole a taça cheia, mas fica a salvo do malogro e livre da decepção quem alcançar aquele equilíbrio,
é no manejo mágico de uma balança que está guardada toda a matemática dos sábios,
num dos pratos a massa tosca, modelável,
no outro, a quantidade de tempo a exigir de cada um o requinte do cálculo,
o olhar pronto,
a intervenção ágil ao mais sutil desnível...”
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