Yoga na Febem

Às 7h20 desta manhã eu entrei pela primeira vez em uma unidade da Febem (Fundação Bem Estar do Menor). Mais precisamente na unidade feminina da Mooca (zona leste de São Paulo). Conheci o programa voluntário e estou disposta a dar aulas de yoga para as internas. Sim, se elas são internas e não em regime de semi-liberadade significa que cometeram crimes digamos "mais pesadinhos".

Ainda reflito sobre todos os sentimentos vindos com a experiência. É difícil. Eu olhava especialmente para uma moçoila de seus 16 anos, linda, de cabelos cacheados e era difícil acreditar que pudesse ter roubado ou matado na vida. Acho que metade da sala (umas 25 alunas) não estava fazendo a prática por livre e espontânea vontade, devendo até achar um saco ou algo muito fora da sua realidade. Outras porém se concentravam no próprio silêncio e tentavam relaxar com os movimentos. Se em alguns momentos já é difícil para mim sentar em meditação, imagino só estas meninas que passam o dia sendo obrigadas a seguir regras e a se "comportar bem". O corpo delas, definitivamente, falava. Percebi uma sentada de pernas cruzadas e o joelho ficava mexendo pra cima e pra baixo, como uma espécie de tique nervoso. Outra estalava os dedos e todas festejavam a hora de deitar em relaxamento. Hoje eu acompanhei somente o trabalho da Renata, que é coordenadora do programa voluntário e faz formação de yoga comigo :0)

No final, muitas me estenderam a mão: "seja bem-vinda". E neste processo começa a busca do delicado limite entre conquistar o respeito e não deixar elas folgarem na confiança. É o desafio de qualquer professor, mas que parece se intensificar significamente por se tratar de uma casa de confinamento de jovens cujo passado não lhes foi muito grato.