Despi meus preconceitos de encarar a Praça da Sé no sábado à noite em meio a clima de PCC. A programação da Virada Cultural, intensivão de programas culturais de Sampa, estava muito eclética e de alta qualidade.
Passeando pelo centro antigo, me encantei com a diversidade paulistana de rostos. Galera roots do centro. Um tanto quanto diferente da turma brechó da Vila Madalena. Drealocks, gente com cara de mau, muito vinho chapinha descendo quente pela garganta, barraquinha de milho cozido, povo dormindo no chão. Tudo isso ao som da banda F.U.R.T.O (Frente Unida de Trabalhadores Organizados) , composta pelo baterista e compositor Marcelo Yuka (ex-O Rappa), que ficou paralítico depois de um tiro. "Bem-vindo à egocity", cantavam... Show quase-panfletário. Muito bom.
Eu e Léo decidimos explorar o Prédio da Sé (que virou centro cultural da Caixa) e encontramos um grupo de velhinhos tocando chorinho. Além de várias exposições fotográficas. Uma sobre o concreto da megalópole se rompendo com o tempo. Rachaduras, pinturas desgastadas, cachorro sarnento. Outra mostra era sobre a desigualdade social no bairro Vila Clementina. A prostituição à solta, cachorro sem dono. E uma última exposição sobre cenas reais de sexo, com amantes sujos, fora de forma, fora de foco, um cachorro meio louco, trazendo as patas por detrás das orelhas, com olhar dilatado.
Na volta para o carro, uma surpresa bem no ponto inicial da história de São Paulo, o "Páteo" do Colégio: concerto erudito da ONG Cidade Escola Aprendiz, do Gilberto Dimenstein. Uma valsa de Strauss para embalar os sonhos dos que se permitiram sair de casa e aproveitar a noite ouvindo e vendo arte. E viva a fitinha branca pela paz!
Tuesday, May 23, 2006
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