Fiz um pacto com uma parte da minha mente no final de 2008: nada de elaborações, nem balanços complexos sobre o que já foi e o que poderá ser. Ela não gostou muito, ainda mais com tanto tempo livre para caminhar na praia e justamente organizar a vida para o próximo ano. Esquizofrenia à parte, esta parte da minha mente tem até apelido carinhoso: “Should I stay or should I GO?” (Devo ficar ou devo IR?). Porque é assim que geralmente ela me faz sentir. Cada dia, uma nova bifurcação de caminhos, me exigindo fazer as melhores escolhas, com todas as certezas possíveis e impossíveis, sem que eu – sinceramente – não esteja nem um pouco a fim de decidir nada além de água de coco ou suco de laranja.
Achei que a tinha despistado, mas foi só colocar os pés nas areias de Itapema para Should-I-stay-or-should-I-go enrolar charmosamente a sua echarpe no pescoço e passar a me acompanhar, intrometida, sussurrando... você tem certeza que vai dar conta de tantos novos cursos no ano que vem? E as aulas de saxofone novamente adiadas? Você vai se contentar eternamente em tocar aquela flauta mixuruca?! Ah, convenhamos, nem isso andavas praticando com disciplina.
Ah, não! - protestei. Caríssima, você não foi definitivamente convidada para as minhas mini-férias de virada de ano. Dessa vez, não vou lhe proporcionar um corpo bronzeado, nem marquinhas de biquíni. Você anda merecendo um verão pálido.
E foi assim que, de comum acordo, deixei Should-I-stay-or-should-I-go aproveitando o silêncio das ruas vazias e monótonas de São Paulo, sem dar nem um mergulho em Ubatuba.
Passei dias incríveis na companhia da parte da minha mente que mais me agrada: a Sem Expectativas. Esta sim me faz apreciar cada novo raiar do sol como o primeiro já visto. De mãos dadas e havaianas nos pés, conseguimos receber com amor e paciência aquela super proteção dos pais que costuma sufocar (O que você vai querer almoçar amanhã? E no café da tarde? E no jantar? Não tens mais roupas escuras para serem lavadas?). Sem Expectativas também me acompanhou na bela programação do Reveillon da Paz, em Garopaba, onde curti dias especiais, que me fizeram rir tanto que me senti uma adolescente em excursão de encerramento de colegial.
Hoje, porém, ao preparar a mochila para voltar para Sampa, Should-I-stay-or-should-I-go veio correndo, saudosa, dando abraço de urso e, ainda que pálida, transparecia um brilho bem saudável em toda a sua pele. E aí, aproveitou o descanso? – perguntou ela. Façamos uma ótima viagem de volta.
Monday, January 05, 2009
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
ÓTIMO TEXTO!!! Amei! Sai pra lá Should I Stay or Should I Go!!! Beijos, Tati
Contagem regressiva (eterna) pela chegada do seu baby PéNaJacaaaaaaa
Post a Comment