A segurança alimentar está se tornando um dos temas mais decorrentes em Direitos Humanos, atualmente. Existe comida suficiente para todos no planeta, mas o sistema de distribuição e o mercado das commodities, alimentados por ganância e lucro, contribuem para a cruel estatística de mais de 1 bilhão de famintos.
Quando os números já são conhecidos e não tocam mais tanto o coração, vale a pena assistir o documentário "Dying in Abundance" (Morrendo em Abundância), produzido na Grécia pelo diretor Yorgos Avgeropoulos (2008). Durante os últimos dez anos, cerca de 200.000 produtores rurais indianos cometeram suicídio por conta de dívidas geradas em suas plantações transgênicas. Atraídos pelas promessas de produtividade da Monsanto, trocaram suas sementes pelas transgênicas. Quando a colheita não vinga o quanto deveria, não há dinheiro para comprar novas sementes e as famílias acabam sem opção de sobrevivência financeira. No documentário, eles percorrem as casas desses suicidas, conversando com os familiares e mostrando uma realidade de embrulhar o estômago. É, definitivamente, muita miséria. Afe, saí arrasada. Segundo mostrado no filme, 82% das sementes vendidas no mundo são produzidas pela Monsanto. Uma citação também ficou na memória:
"Control oil and you control nations.
Control food and you control the people"
Henry Kissinger 1974
Esse filme integra a 2ª Mostra FICA São Paulo, que acontece de 14 a 16 de agosto no Cine Clube Socioambiental (Rua Fidalga, 521. Vila Madalena). Aliás, fazia tempo que eu queria conhecer esse espaço, com uma rica programação semanal de filmes e eventos que debatem temas da sustentabilidade. Tem até puffs para se largar e ficar um tempão pensando na vida (e, claro, se sentindo absolutamente envergonhada em lembrar o quanto reclamamos à toa).
Hoje também assisti "Os mendigos de Addis Ababa" e "Quando a chuva cai", ambos da Dinamarca e com direção de Jakob Gottschau, que retratam a miséria da África. Por conta das mudanças climáticas, os camponeses enfrentam desolação total com as perdas da plantação. Um das cenas mais comoventes é o povo sorrindo com a chegada da chuva, que salvaria a safra já considerada perdida, mas em poucos dias estavam desesperados que a chuva não parava.
Respiremos...
Cheguei há pouco em casa e o silêncio é acolhedor. Contemplei o dia se pondo na Praça do Pôr do Sol, ouvindo as novidades de viagem de um amigo querido, degustando chimarrão. Eu costumava ir lá quando me mudei para Sampa, e já se passaram 10 anos! Frase do dia, de José Saramago: "Não tenha pressa. Mas não perca tempo".
Foto de divulgação do filme retirado do site small planet
Friday, August 14, 2009
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