Friday, January 29, 2010

Já te contei por que virei budista?

Em meados de 2004, eu precisava mais de um emprego do que de religião. Nesta época, morava em Cornwall, uma região de praias estonteantes na costa oeste da Inglaterra, e havia torrado toda a poupança em viagens. Meu amigo inglês, o Mick, me ofereceu abrigo e eu deixei Londres para trás, com a missão urgente de juntar grana para comprar a passagem de volta para o Brasil, que havia expirado. Estava com muitas saudades de casa.

Caminhando pelas ruas estreitas de Truro, vi uma placa de "precisa-se de staff (meio período)" em uma loja que vendia artefatos budistas e tudo o que era quinquilharia da Ásia: incenso, joias, roupas, música indiana, tapetes.

Me contrataram, como vendedora, tão logo sorri e disse “Hi!”. E foi lá, na Garuda Trading, que tive a oportunidade de conviver com Vici e o casal James e Pema. Eles não eram nem um pouco comuns. Inspiravam plenitude e expiravam doses cavalares de generosidade. Nos pequenos gestos, tão acolhedores; nas respostas, sempre sinceras. Isso é que eu quero ser quando crescer! – suspirei.

Decidi investigar como era possível viver assim. Fui introduzida no grupo semanal de meditação, nos cantos devocionais de mantras, nos pujas a Chenrezig. Descobri, para espanto meu, que é preciso treinar o coração e a mente para sentir a verdadeira compaixão e amor incondicional por todos os seres sencientes.

Só aí prestei atenção na figura de Buddha, um ser humano (e não um deus), nascido príncipe na Índia, absolutamente questionador, que com apenas 35 anos descobriu o fim do sofrimento, após anos de meditação, criando um método para que todos possam atingir esse estado de iluminação. Se necessário for, digite no google: as Quatro Nobres Verdades do Budismo ou Siddharta Gautama.

Porque o quero te contar agora é que Buddha veio depois.
Antes dele, vieram Vici, Pema e Jamie. Que me escancaram o coração ao mostrar, na prática, assim tão visível e simples, o quão vasto e belo é o nosso potencial humano.

Faz seis anos que sigo esse treinamento.

Foto: não faço ideia de quem tirou, mas pelo menos lembro que foi no Nepal rs

Wednesday, January 27, 2010

É curioso

... quando as horas passam galopantes pela lista cheia de pendências.

Às vezes dá uma vontade de pegar a folha de atividades, dobrar feito aviãozinho e soltar (bem solto) pela janela.

(...)Tudo mais que fui escrevendo por aqui, apaguei.

Estou na fase exigente. Observando de soslaio.

Wednesday, January 20, 2010

Mais de Santa Catarina

Com minhas irmãs, Kelly Cristina e Cinthia.
É sempre bom rever o azul do mar neste calorzão que faz em Sampa. Essa encosta fica próxima a praia do Estaleiro.
Fotos by Chris Blackburn

1 ano

Em Floripa, a Beatriz, nossa baby PéNaJaca, completa hoje um ano de vida! Na foto, sorri com a super mãe Tati.
Mais fotos da festinha, tiradas por Denise e Hector, clique aqui.

Monday, January 18, 2010

Convite zen

Palestra “Bênçãos para o mundo”

A Editora Dharma promove uma palestra baseada no livro Ecos da Mente, de Tarthang Tulku, em 21 de janeiro (quinta), das 18h30 às 19h30, com Paula Rozin.
Local: Instituto Nyingma do Brasil.

Em seguida, acontece o Canto de Mantra pela Paz Mundial (19h30-20h30). Nossas preces irão juntar-se com as orações feitas simultaneamente em Bodh Gaya, na Índia, onde milhares de praticantes budistas e leigos estarão reunidos na stupa da iluminação. Na Ásia, a Cerimônia pela Paz Mundial acontece durante dez dias ininterruptos e é dedicada também à longevidade do Dharma.

Realizada anualmente desde 1989, nesta cerimônia são distribuídos gratuitamente aos monges os livros com ensinamentos budistas produzidos por voluntários do projeto Yeshe De, na Califórnia (aquele que eu participo quando vou aos Estados Unidos).

Assista ao vídeo da cerimônia produzido pelo Projeto de Assistência aos Tibetanos (em inglês).

Observação: ambas as atividades são gratuitas. Os participantes costumam fazer doação de velas (daquelas redondinhas), flores ou incensos tibetanos.

Te espero lá!

Crédito da foto: Tibetan Photo Project.

Iyengar yoga

Eis que formamos um grupo bem bacana para aprofundar nossos estudos e práticas de yoga. A minha mitra Valéria cedeu sua casa, pães integrais, chá, ótima companhia e tivemos um sábado lindo e zen. Fátima, Fabi, Val e eu montamos a sequencia dos asanas de forma coletiva, buscando dar mais enfoque nas retroflexões.

Essa primeira postura se chama ustrasana, ou postura do camelo. É muito bacana fazer encostada na parede para gravar na memória corporal de que o fêmur deve ficar bem na vertical. O tronco arqueia-se para trás com a ação interna de empurrar a ponta inferior das escápulas para dentro e para o alto, abrindo o peito por trás. Sem esquecer do giro da cabeça do úmero, claro.

Abaixo, a Valéria está em urdhva dhanurasana (postura do arco invertido). Trabalhando em trio, é possível ampliar a abertura do asana (passa um cinto debaixo das escápulas e o outro abaixo da lombar). Os antebraços, devidamente alinhados paralelamente, ficam encostados na parede. Isso ajuda muito a segurar o alinhamento dos braços, distantes na largura dos ombros.


Hoje
No Yoga Flow, além da aula de nível I-II, dei uma extra de nível II, reservada aos alunos mais avançados. A sessão fica bem mais fluida quando os praticantes já conhecem o nome das posturas em sânscrito e aprenderam as principais ações internas. Posso incentivar o refinamento dos asanas, além de aumentar o tempo de permanência.

O trabalho é bem mais desafiador quando a turma é de iniciantes. A aula fica mais "entrecortada" porque é preciso ensinar a usar corretamente os acessórios, fazer a demonstração das posturas, averiguar se os alunos estão respeitando os limites do corpo, propor inúmeras variações para quem não tem flexibilidade suficiente ou tem problema no joelho, no ombro, na coluna vertebral, no pé, no fêmur, no ciático, no ossinho do tornozelo, na dobradura do punho...

Um bom professor de yoga precisa gostar de cuidar das pessoas, em todos os sentidos.

Thursday, January 14, 2010

Porque hoje eu acordei cantando...

"And I can't face the evening straight

And you can offer me escape

Houses move and houses speak

If you take me there you'll get relief..."

Last flowers to the hospital, by Radiohead.

No caminho a pé, pelo bairro Alto de Pinheiros, vejo todos os jasmins floridíssimos. É sempre um bom presságio.

Crédito da foto: blog Cláudia Casella

Wednesday, January 13, 2010

Quando o "é pra ontem" não serve mais

Estava prestes a sair de casa rumo ao Yoga Flow quando toca o telefone. Atendo e era uma proposta de trabalho, jornalisticamente falando. Quem oferecia explicou que havia recebido excelentes referências sobre o meu trabalho, fez resumo das atividades previstas e tal.

Agradeci, disse que sou excelente mesmo (hahahahah, ninguém me segura após ler The perfection of Marketing, de James Connor), e fiz a tradicional pergunta: qual é o prazo de entrega?

A-di-vi-nha?!!!

"Olha, eles começaram o processo atrasado, está tudo meio enrolado e ninguém tem experiência em GRI. É pra ontem".

Antigamente, eu achava uma boa cobrar a mais para mergulhar e apagar esses incêndios. E lá se íam os finais de semana de janeiro, fevereiro e março. Me apropriando da linguagem corporativa, hoje vejo que minha paz de espírito é um "valor intangível", cujo preço é impossível de estimar.

Ou seja: se o trabalho é pra ontem, deveriam ter me contratado anteontem.

Fechada para balanço

Semana introspectiva para entender melhor o que quero ser quando crescer.

Digamos que é um planejamento estratégico informal, apesar de que quando a gente assiste tanta tragédia no Haiti, qualquer dúvida existencial perde importância. Ou pelo menos deveria.

Sinto falta do ventilador do Tuti. Afe, que calor. E pensar que chove mensagens no twitter: "vou derreter", "que bom que vim de vestido". Menos a Miriam Leitão, é claro. Essa só escreveu sobre o tempo quando desabafou sobre o frio terrível na volta ao seu hotel em Copenhague. E por mencionar a COP-15, tirei um tempinho hoje para ver o último discurso do Lula na Conferência do Clima. É emocionante, mesmo.

Monday, January 11, 2010

Interdependência

“Siddharta listened. He was now listening intently, completely absorbed, quite empty, taking in everything. He felt that he had now completely learned the art of listening. He had often heard all this before, all these numerous voices in the river, but today they sounded different. He could no longer distinguish the different voices – the merry voice from the weeping voice, the childish voice from the manly voice. They all belonged to each other: the lament of those who yearn, the laughter of the wise, the cry of indignation and groan of the dying. They were all interwoven and interlocked, entwined in a thousand ways. And all the voices, all the goals, all the yearnings, all the sorrows, all the pleasures, all the good and evil, all of them together was the world. All of them together was the stream of events, the music of life.

When Siddharta listened attentively to this river, to this song of a thousand voices; when he did not listen to the sorrow or laughter, when he did not bind his soul to any one particular voice and absorb it in his Self, but heard them all, the whole, the unity, then the great song of a thousand voices consisted of one word: Om – perfection.” Hermen Hesse, Siddharta, pg 199

Saturday, January 09, 2010

Mais de Santa Catarina

Pôr do sol no riozinho que junta as praias de Perequê e Meia Praia. Eu, Cinthia e Chris na caminhada.
É claro que cabe todo mundo num carro só! Coisas de família...
E vamos que vamos. Alguns com Dramin.
Banho de mar perto da praia de Sepultura.
Precisa-se de mais nesta vida?

Fotos: Chris Blackburn e Dirceu Piva.

"Where the days are longer, the nights are stronger than moonshine/ You're gonna go, I know..."

Os fãs de temas decadentes, como eu, hão de gostar de Abraços Partidos. O filme é puro Almodóvar, com todo o melodrama envolvendo traição, segredos não revelados, drogas, homossexualismo, ciúme doentio. É tanta complexidade trágica no emaranhado das vidas dos personagens que o riso é inevitável. Ontem, no HSBC Belas Artes, gargalhávamos em sintonia nos momentos dignos de se jogar da ponte. O grotesco nos pede reações politicamente incorretas, enquanto continuamos a torcer pela punição dos malvados e pelo improvável final feliz amoroso. A ficção criada por Almodóvar é o espelho bem próximo da nossa realidade. A decadência sincera dos desejos libertinos bem poucos assumidos entre amigos ou estranhos. Recomendo. (O filme e a decadência?)

A sexta à noite foi se desdobrando em surpresas inesperadas. Até consegui encontrar a Dani Barbará, que não via desde setembro último! Com Cilene também.

Os amigos são o meu melhor de São Paulo.

Thursday, January 07, 2010

Uma dúvida, seguida de um convite

Ainda está passando "Abraços Partidos", o novo filme de Pedro Almodóvar?

Se sim, alguém topa um cinema no fim de semana?

Os cheiros da cidade

Quando se chega na Índia, é inevitável perceber que o ar tem cheiro, nesse caso um agridoce estranho que a gente se pergunta se gosta ou se não gosta. Depois acostuma-se, claro, como tudo nesta vida.

Pela manhã, ao caminhar da minha casa até o centro budista na Praça Panamericana, observei um constante cheiro de lixo (ui). Será que era dia de coleta? Será que um caminhão tinha recém passado para recolher os dejetos? Será que era o meu nariz?! Será que o ar de Sampa sempre teve cheiro ruim e eu nunca tinha reparado?

Perto das oito da noite, caminhei o mesmo trajeto de volta e o corpo já estava mais acostumado com o ar, embora o nariz continue coçando irritado. Leva-se pelo menos três dias para deixar de sofrer na adaptação.

De forma geral, o mal-estar urucubento está passando. Consegui dormi e comer melhor (preparei uma sopa de cenoura com batatas para o jantar). Fiz uma prática restaurativa de yoga, falei com amigos no MSN, comecei a pensar em algum tema de sustentabilidade para a monografia que terá ser produzida em 2010.

Ainda tenho muitos e-mails para responder. Quem sabe uma cota de dois por dia?

Respire

"Quando nos damos conta do valor que há em abrir mão, podemos começar a desenvolver esta qualidade em nossa vida cotidiana. Toda vez que você se perceber segurando-se a uma posição ou emoção, incapaz de abrir mão dela, relaxe por alguns minutos e deixe sua respiração acontecer suave e uniformemente.

Então, escolha uma tarefa e, devagar, vá entrando nela, esquecendo todo o resto. Desenvolva uma qualidade de concentração que não seja forçada, mas muito leve e delicada. Concentrando-se desse modo por um período, você poderá começar a afrouxar seus padrões mentais e dispersar as energias que estiveram bloqueando o bem-estar. Tente não pensar nos problemas, mas apenas invista toda a sua energia na tarefa escolhida, permanecendo com ela até que esteja concluída"

Tarthang Tulku, O Caminho da Habilidade

Wednesday, January 06, 2010

Back to Sampa

Ontem acordei com náusea e uma dor forte no estômago. A mãe me ofereceu um remédio, mas eu recusei para observar o próprio desconforto. Afinal, yogues não tomam remédios, né? Costuma acontecer sempre quando tenho que voltar para São Paulo. E ao chegar por aqui, tudo vai dissolvendo, lentamente. Mas ontem até eu me assustei com o mal-estar generalizado. Acabei aceitando o remédio (yogue de araque?) para conseguir pegar o vôo das 16 horas. Depois de 15 dias em família, com a barulhenta cachorrinha Lully latindo por quase tudo, o silêncio do apartamento, com aquela vista incrível da megalópole, me abraçou.

Apesar disso, o sono não foi fluido e eu acordei com a sensação de atropelamento de caminhão. O que me animou foi a aula de Iyengar que dei no Yoga Flow. Uma das alunas fazia aula experimental, era completamente iniciante no mundo do yoga. Me sinto privilegiada quando isso acontece, pois consigo enxergar a mim mesma nas primeiras aulas que fiz. Todos aqueles nomes em sânscrito, o pouco alongamento que limitava muitas posturas, a dificuldade em coordenar todas as instruções dadas pelo professor, o medo de me machucar. Espero que ela continue!

Já saí bem mais leve da aula e sigo recomeçando as atividades um pouco mais lentamente do que no início dos outros anos. Agora que passou o temporal lá fora, vou enfim no supermercado. A geladeira está absolutamente vazia.

Em tempo: passei em frente ao Shopping Iguatemi e vi que colocaram uma capa de chuva no Papai Noel gigante. Ó-ti-mo.

P.S: foto tirada pela Cinthia. Eu em Vkrasana, a postura da árvore, antes do nosso banho de mar noturno em Meia Praia (SC).

Tuesday, January 05, 2010

Reveillon com lua cheia. Feliz início de nova década!

Nem lembro a última vez que estive reunida com as minhas duas irmãs na festa de reveillon. A noite estava linda em Meia Praia e, conforme a tradição, assistimos os fogos na beira do mar.
O meu cunhado Chris fez a produção das fotos artísticas ;)

"Besame, besame mucho..."


Antes da virada, rolou jogo de canastra. A super dupla Cinthia e Carline perdeu desastrosamente.

E não é que a gente conseguiu fazer o Tio Hilário sorrir!

Cinthia, Kelly e yo.
Na canga das solteiras, rolou sessão bartender exclusivo. Brindes de cuba libre!

Meus pais.

Feliz Ano Novooooooooooo!
"I gotta feeling that tonight’s gonna be a good night
That tonight’s gonna be a good night
That tonight’s gonna be a good good night!"

Depois de pular as sete ondas e lançar ao mar os desejos escritos em bilhetinhos ao universo.
A noite terminou no bar surfistinha Maui, em Mariscal. E eu vi o sol nascer. Uhu!