A missa de domingo está quase terminando em Suruacá quando ouço um canto conhecido... “Te amarei, Senhor, te amarei, Senhor/Eu só encontro a paz e alegria bem perto de Ti”. Olha só! Atravesso o país inteiro para ouvir um hino religioso que pertence à minha infância, entoado aos domingos na Igreja Nossa Senhora de Azambuja, em Brusque. Não, a Dona Martinha, de 72 anos, nunca ouviu falar de Azambuja, mas sabe como ninguém evocar as preces religiosas. “Há cinco anos eu distribuo o pão sagrado na igreja”, diz ela, orgulhosa em ser ministra da eucaristia. Dona Martinha me levou para conhecer a comunidade de Suruacá, com 195 famílias, na margem do Tapajós. Tomei café na casa da sua filha Margarete, vinho de açaí com biju na casa da outra filha, Marinalva, recusei o terceiro café na casa de mais uma filha, a Maura, e dei graças a Deus que havia terminado o café na casa da Lindalva, sim, a outra-outra-outra filha. Dos dez filhos que teve, quatro morreram.
Nesta viagem de final de semana, levei a filmadora para documentar a entrega de materiais para a construção de um sistema de água sustentável. Em vez de óleo diesel, a bomba será movida à energia solar. Se a experiência piloto der certo, será replicada em outras localidades. Era criança carregando tijolo na cabeça, jovens levando os sacos de cimento nas costas, toda comunidade envolvida. Bonito de ver.
Em tempo: o "vinho" de açaí é o suco mesmo. Vai entender...
Sunday, November 12, 2006
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