Wednesday, November 29, 2006

Tímides, Timideis, Intimides, Imtimides

Os jovens ribeirinhos citaram a timidez como uma das principais dificuldades para mobilizar e desenvolver uma liderança juvenil nas comunidades. Natália de Sousa, de Suruacá, contou que, certa vez, ao pedirem para um dos comunitários emitir sua opinião, ele “tremia tanto, tanto, que nem conseguiu falar”.

Realidade que eu também presenciei na oficina de produção de um boletim informativo sobre o Encontro do SuperAção Jovem no Tapajós. O evento, uma parceria do Saúde e Alegria com o Instituto Ayrton Senna, aconteceu no último final de semana, reunindo 50 jovens e educadores de oito comunidades: Capixauã, Piquiatuba, Muratuba, São Domingos, Pedreira, Suruacá, Maguari e Prainha (onde foi realizado).

Muitos jovens de 16, 17, 18 anos liam trechos de uma apostila com muita dificuldade; tremiam as mãos ao serem chamados à frente da sala para ler uma notícia. Isso sem falar na dificuldade de trocar experiências nos trabalhos em grupo. Era uma mesa-redonda de olhares desconfiados, bocas fechadas, com vergonha de expressar qualquer idéia.

Como educadores, nosso papel é estimular esse debate, valorizar as opiniões ditas, fazer o jovem enxergar que ele tem, sim, muito potencial! Muitos saem na frente, como é o caso da própria Natália, da Rose Kelly (Muratuba), do Jurandir (Maguari). A grande maioria, no entanto, reclama que sofre com essa limitação. Será também uma característica da personalidade do povo da Amazônia que vive mais isolado ou apenas conseqüência de um modo antiquado de ensinar em que o professor fala e o “bom” aluno escuta calado?

Nossa língua, nossa língua portuguesa
Deus me salve de tantos erros crassos de português :( Além das várias versões para a palavra timidez, encontrei “dominho dos assuntos”, “nomero de participantes”, “dessodem no dumitório”, “atrazamento dos jovens”, “insetivar os comunitários”, entre outros crimes.

Obviamente isso não é realidade apenas no Pará. A má qualidade da educação pública é digna de lamentação em praticamente todo o Brasil.

E como culpar o desânimo dos professores se eles ganham R$ 2,50 por hora?!

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