Friday, September 29, 2006
qual será o preço da modernidade?
Uma amiga minha está maravilhada com um novo remédio para emagrecer, o verdadeiro sonho das gordinhas (ou as nem tão gordinhas, porém extremamente vaidosas). Com fórmula avançadíssima, a droga não causa nenhum daqueles efeitos colaterais indesejáveis: irritabilidade, ansiedade, mau-humor, queda de cabelo. O apetite continua, porém extremamente reduzido. Ou seja, um pedacito de frango já é suficiente para as próximas doze horas. A vida segue normal, enquanto as gorduras definham sem sofrimento. A cada mês, uns cinco quilos desaparecem do cós da calça.
Recordo então a última reportagem que li sobre os remédios que afastam o sono. Pesquisadores americanos (uau, que surpresa) já desenvolveram uma pílula que mantém o indivíduo acordado por até TRÊS dias, sem (novamente) nenhum efeito colateral: perda de memória, alucinações, vista cansada, vontade de se atirar de cima de um viaduto. Aquele dead line impossível, com a pílula correta, não será mais problema! Hmmmmmmm :)
Ambas as fórmulas desses remédios não causam dependência, pelo menos física. É claro que pode estimular alguém sem educação alimentar a desenvolver o fatídico efeito sanfona. Ou um workaholic abusar de doses ininterruptas. Mas a minha questão estende-se a pessoas "normais" (bem instruídas e centradas) e vai além do preconceito e da condenação de usar drogas como produto do demônio. A realidade é que cresce muito a tolerância da sociedade para utilizar esses recursos (poderíamos chamar assim?) no dia-a-dia, a contar pelo imenso aumento de verbas para esse tipo de pesquisa. Essa minha amiga, por exemplo, é super na boa e não tem o perfil de usuária viciada, muito pelo contrário. O lance pode parecer até muito cool.
Parece que constantemente a modernidade nos abraça para facilitar a nossa vida. E vamos nos perguntar mais: por que, não?
Só nos resta saber se encontraremos uma felicidade (um pouquinho mais) duradoura.
Foto: www.timoroso.com
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