Exalando 35 anos de experiência em meditação, o monge budista norte-americano Bhante Yogavacara Rahula (um ex-hippie da Califórnia) conseguiu a proeza de passar duas horas explicando os benefícios da prática diária de sentar em silêncio, observando a si mesmo, para uma plateia quase lotada no Teatro da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, na última terça-feira (15/03). A palestra “Meditação e Saúde – Contribuição da meditação budista na construção da saúde” foi organizada pelo Comitê de Humanização do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria de Estado da Saúde.
Bhante Rahula iniciou com a base primordial da filosofia budista (aquela que justamente faz quase todo mundo sair correndo he he he): de que a vida é sofrimento. Adoecemos, envelhecemos, perdemos entes queridos, morremos também. Tudo isso faz parte do nascer e viver como seres humanos. “Buddha é considerado um grande doutor porque seu principal interesse não era religioso ou metafísico, mas sim encontrar um fim a todo esse sofrimento”, explicou.
Usando o seu próprio corpo como laboratório de atenção plena e análise dos padrões mentais e corporais, Buddha identificou que as três principais causas do sofrimento são:
- Ignorância (não conhecer a verdade do eu ilusório, a interação entre o corpo e a mente e não saber como viver de forma harmoniosa com a natureza – exterior e interior);
- Cobiça, apego (tornar-se dependente de estímulos sensoriais externos e acabar exagerando em comida, bebida, prazeres temporários);
- Raiva, medo, ódio (emoções que afetam o organismo com doenças psicossomáticas).
Nesse sentido, a prática da meditação ajuda a relaxar a mente, a fim de observar tudo isso e avançar em um dos níveis de compreensão da sabedoria que é a impermanência natural de tudo e de todos.
Outras frases inspiradoras de Bhante Rabula:
“As pessoas perderam a habilidade de serem simples. A vida tornou-se por demais complexa; mentes ocupadas, com a necessidade de planejar o futuro a todo o momento. Dessa forma, as pessoas acabam não percebendo mais as mensagens sutis que o corpo envia. Há uma forte desconexão entre corpo e mente. As pessoas têm uma obsessão neurótica pelo futuro”
“Por meio da meditação, podemos aprender a controlar e purificar nossos pensamentos negativos, além de ganhar disciplina para viver de forma hábil”
“O primeiro estágio da meditação é conseguir viver no presente, acalmando o que chamamos de mente-macaco (monkey mind - que pula pra lá e pra cá). Um dos exercícios é prestar atenção no ar que entra e sai do corpo”
“Essa vibração de tranquilidade tem influência direta em níveis molecular e celular, mesmo em práticas curtas de meditação, entre 20 e 30 minutos. Com o relaxamento, você consegue observar e ir além dos seus impulsos neuróticos”
“Eis a fórmula: Sofrimento = dor x resistência.
Se a dor for nível cinco e a resistência também, o saldo será 25.
Se a dor for nível cinco e a resistência zero, o resultado será zero.
Lembrem-se que a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”
“A meditação budista não é apenas uma ferramenta para acalmar a mente. Nela está intrínseca a busca pela sabedoria”.
May all beings be happy and free from suffering
May all beings be happy and free from suffering
May all beings be happy and free from suffering
Photo by Carli
Thursday, March 17, 2011
“As pessoas têm uma obsessão neurótica pelo futuro”, Bhante Yogavacara Rahula
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